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INPE coordena atividades do Projeto SWERA no Brasil

por INPE
Publicado: Mai 17, 2005
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São José dos Campos-SP, 17 de maio de 2005

O emprego em grande escala dos recursos de energia solar e eólica no Brasil e no mundo encontra hoje duas barreiras: a ausência de informação sobre os reais potenciais energéticos disponíveis – o que inibe novos investidores e incentivos nessa área – e a barreira tecnológica, ligada à inconstância natural de disponibilidade desses recursos, uma vez que são controlados a curto prazo, pela meteorologia e a longo prazo, pelo clima.

Desde 2001, o SWERA (Solar and Wind Energy Resource Assessment) promove a utilização de energias renováveis solar e eólica, nos países em desenvolvimento, através da remoção de barreiras de conhecimento geradas pela falta de informação, disponibilizando um banco de dados consistente e de alta confiabilidade sobre esses recursos energéticos. O projeto visa fornecer informações necessárias para que governo e iniciativa privada tomem decisões embasadas em conhecimento técnico-científico, com o objetivo de reduzir as incertezas nos custos de implementação de projetos com maior garantia de retorno dos investimentos e, desta forma, atrair investidores para a exploração desses tipos de energia – que não provocam impacto sobre a atmosfera, pois não liberam dióxido de carbono ou outros gases do efeito estufa e não têm previsão de esgotamento na geração de energia elétrica, como é caso dos combustíveis fósseis.

Projeto do UNEP (United Nations Enviroment Progremme, órgão das Nações Unidas responsável por fomentar o desenvolvimento sustentável através de praticas ambientais saudáveis), com o co-financiamento do GEF (Global Enviroment Facility, órgão internacional que financia projetos de proteção ambiental), atualmente, o SWERA está presente na África, América Latina e Ásia. No Brasil, a coordenação na América Latina é do Dr. Enio Bueno Pereira, pesquisador do CPTEC/INPE (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos). Para a realização desse projeto, o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia) conta com importantes parcerias nacionais através do CEPEL-ELETROBRÁS (Centro de Pesquisa em Energia Elétrica), do LBSOLAR-UFSC (Laboratório de Energia Solar – Universidade Federal de Santa Catarina) e do CBEE (Centro Brasileiro de Energia Eólica).

Especialmente para este projeto, o INPE e o LABSOLAR da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) desenvolveram o modelo computacional BRASIL-SR, empregado no levantamento dos recursos de energia solar do país. O BRASIL- SR utiliza imagens dos satélites geoestacionários GOES 8 e 12 e tem como objetivo final a publicação de um Atlas Solar completo, com 10 anos de dados satelitais compilados.

Recentemente, o Brasil teve seu potencial eólico mapeado pelo Atlas do Potencial Eólico Brasileiro (2002), sob coordenação do CEPEL (Centro de Pesquisa de Energia Elétrica) – um dos colaboradores no projeto SWERA – no qual são observadas velocidades de vento médias anuais superiores a 7 m/s em diversas localidades do Brasil. Quanto ao potencial para o aproveitamento da energia solar no país, a média do território brasileiro é superior aos valores máximos de irradiação observados na Alemanha e na França, ambos países que dão grande incentivos a novos investimentos nessa forma renovável de energia.. “O Brasil não pode fechar os olhos para o imenso potencial de exploração das energias que vêm do sol e do vento, sendo um país tropical. Por exemplo, uma área coberta por fotocélulas (que convertem energia solar em elétrica) equivalente a apenas uma das grandes usinas hidroelétricas, como a Balbina, na Amazônia, teria capacidade de produzir o dobro de toda a demanda de energia elétrica do Brasil e ainda exportar o excedente; com o vento não é muito diferente”, ressalta Dr. Enio.

Como contrapartida nacional ao projeto SWERA e financiado pela FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), o MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) lançou o projeto SONDA (Sistema de Organização de Dados Ambientais para o setor de energias): uma rede que já implantou e opera regularmente um conjunto de mais de 27 estações de coleta automática de dados sobre radiação solar e vento, distribuídas em todo o país. Cinco dessas estações são conhecidas como referência por estarem equipadas com um conjunto completo de sensores ambientais de última geração e comunicação direta com a central de operação localizada no CPTEC, em Cachoeira Paulista.

Diversas estações de coleta de dados solares e eólicos foram implantadas em conjunto com o projeto SONDA – com perspectiva de encerramento este ano – para validações dos modelos de radiação solar BRASIL-SR e de outros parceiros no projeto, como o Serviço Meteorológico Alemão, a Universidade de Albany e o Laboratório de Energias Renováveis, ambos norte americanos. Ainda, as estações SONDA estão ligadas a outras redes de observação no resto do mundo, como a BSRN (Baseline Surface Radiation Network) e a AERONET (Aerosol Robotic Network) e segue os padrões de qualidade ditados pela WMO (Organização Meteorológica Mundial).

Atualmente, um sistema de informação geográfica (SIG) está em fase final de implementação a partir de dados fornecidos por diversas agências e fontes nacionais, como IBAMA, FUNAI, CEPEL, ELETROBRÁS, ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), ANP (Agência Nacional de Petróleo), NOS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) entre outras. Essa atividade está reunindo em um único banco de dados SIG os levantamentos de radiação solar e vento, informações sobre a rede de distribuição de energia, redes de transporte rodoviário e ferroviário, hidrovias, reservas, ocupação do solo e diversos outros dados socioeconômicos que serão usados na avaliação das áreas potenciais para investimento em projetos de exploração das energias solar e eólica.

Tanto o projeto SWERA como o SONDA não visam indicar os locais exatos para realização dos investimentos em projetos de exploração dos recursos solares ou eólicos, o que será tarefa da iniciativa privada como resposta às políticas nacionais de incentivo nessa área, como é o caso do PROINFA (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica). No entanto, os resultados desses projetos servirão para um primeiro nível exploratório e de avaliação que, após pesquisas detalhadas no campo nas regiões mais promissoras, darão as informações necessárias para se tomar decisões visando à exploração desses recursos.

Hoje, as energias eólica e solar têm um custo por KWH produzido superior ao das energias convencionais, contudo, estas não incorporam os gastos com os impactos ambientais resultantes das instalação e operação das usinas de produção de energia . “Na medida em que o mercado para essas energias alternativas crescer, na Europa principalmente, é provável que seu custo caia rapidamente”, avalia Dr. Enio.

Os levantamentos do SWERA estão disponíveis no website http://swera.unep.net/swera/index.php e a maior parte dos resultados para o Brasil ainda está sendo preparada na forma de Atlas solar e de um banco de dados geograficamente informados (SIG) para distribuição gratuita aos potenciais investidores e instituições governamentais, além do público em geral.

MÓDULO SONDA/ Bancada de Sensores e Gerenciamento dos Dados



O módulo SONDA é composto de estrutura de suporte aos sensores, instalada acima do container que abriga computador, nobreak, datalogger e equipamentos de comunicação responsáveis pelo gerenciamento dos dados coletados.


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