Notícia
Estudo do INPE busca aperfeiçoar linhas de produto de software
São José dos Campos-SP, 15 de abril de 2015
Em parceria com o Generative Software Development Lab da Universidade de Waterloo, Canadá, o Laboratório Associado de Computação e Matemática Aplicada (LAC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) está desenvolvendo uma pesquisa sobre propagação de problemas estruturais presentes em um software para outros códigos de uma mesma linha de produtos.
Uma linha de produtos de software é uma família de aplicações que possui uma série de funcionalidades em comum. Nesse contexto, existe um conjunto de técnicas que podem ser utilizadas para o reaproveitamento do código e para a criação mais rápida de novas aplicações.
Dentro do INPE, os produtos do Estudo e Monitoramento Brasileiro do Clima Espacial (EMBRACE) podem ser considerados uma linha de produtos de software. O mesmo conceito pode ser aplicado também aos softwares desenvolvidos na área da Engenharia e Tecnologia Espacial (ETE).
Para desenvolver a pesquisa, o pesquisador Eduardo Guerra, do LAC/INPE, esteve na universidade canadense entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015 realizando trabalhos junto ao grupo liderado pelo professor Krzysztof Czarnecki.
"A pesquisa realizada tem o objetivo de estudar como a ‘clonagem’ de códigos acontece dentro de uma linha de produtos de software, e quais são os principais fatores a serem considerados para se decidir se ela deve ser eliminada ou não. Também foi desenvolvida uma técnica para identificar problemas estruturais que são comuns a determinada linha de produtos, separando-os daqueles que são particulares de cada software”, informa Eduardo Guerra.
Segundo o pesquisador, os resultados dessa pesquisa podem ser utilizados para o aperfeiçoamento e a evolução de uma linha de produtos de software, evitando a repetição de problemas recorrentes e ao mesmo tempo permitindo a atuação em pontos onde o impacto da mudança possa ser mais significativo.
Aplicações
Como referência de estudos, Guerra tomou como base os produtos do programa EMBRACE, pois, apesar de cada aplicativo lidar com dados diferentes e realizar análises distintas, ainda existe uma grande similaridade em relação à arquitetura e às funcionalidades. A partir dos estudos, será possível obter um melhor entendimento sobre a ocorrência da clonagem de código e da propagação de falhas de projeto entre produtos de software, em cenários reais. Com isso, a equipe do EMBRACE poderá contar com uma poderosa ferramenta de diagnóstico e monitoramento da evolução de softwares, com inegáveis benefícios tanto na produtividade quanto na confiabilidade dos códigos.
"O programa tem forte alinhamento institucional, prestando serviço para a comunidade brasileira e sul-americana na área de Clima Espacial, mas também à comunidade do INPE: ele procura atender o objetivo estratégico do instituto de fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico, motivando pesquisadores a um maior engajamento com o programa”, afirma Clezio Marcos De Nardin, gerente geral do EMBRACE/INPE. “Nós temos um grande interesse por essa pesquisa conduzida no LAC, pois ela tem o potencial de impactar na evolução dos produtos do EMBRACE existentes e a serem criados, ajudando na sua manutenção a longo prazo como também na otimização de recursos."
Para a pesquisadora Ana Maria Ambrosio, coordenadora do Programa de Capacitação Institucional da ETE/INPE e especialista em Engenharia de Software, “as técnicas para detecção de propagação de problemas estruturais, seja na evolução de um código para outro ou na análise de melhoria contínua, seriam potencialmente aplicáveis ao desenvolvimento de softwares de monitoração e controle de satélites, de simuladores de satélites, e até de softwares embarcados em diferentes satélites, pois, apesar de distintos, possuem muitas funcionalidades em comum”.
Capacitação
Pesquisador na área de Engenharia de Software no LAC/INPE, Eduardo Guerra mantém colaboração com pesquisadores da Universidade de Waterloo por meio do Programa de Capacitação Institucional (PCI/INPE-MCTI), na modalidade BSP (Bolsas de Estágio/Treinamento no Exterior), atualmente sob a coordenação de Cesar Boschetti, chefe do Laboratório Associado de Sensores e Materiais do (LAS) do INPE.
"O apoio do PCI foi essencial para viabilizar esse estudo. Através da visita à universidade foi possível colaborar com especialistas nessa área e ter acesso a ferramentas com funcionalidades inovadoras, ainda não disponíveis no mercado. Certamente esse primeiro contato foi o início de uma cooperação de pesquisa a longo prazo”, conclui Guerra.
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