Notícia
PMM terá propulsor e catalisador nacionais
São José dos Campos-SP, 19 de julho de 2005
A Plataforma Multimissão (PMM) deverá ser montada utilizando catalisador e propulsor desenvolvidos pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), do Ministério da Ciência e Tecnologia, e pela Fibraforte Engenharia, de São José dos Campos. Os testes de validação desses componentes, que farão parte do módulo de propulsão da plataforma, foram concluídos com sucesso no primeiro semestre de 2005. A entrega da PMM está prevista para 2007.
A PMM é um conceito moderno em termos de arquitetura de satélites. Consiste em reunir numa única plataforma todos os equipamentos que desempenham funções necessárias à sobrevivência e operação de um satélite, para uma classe de órbitas e apontamentos.
Nesse tipo de arquitetura, existe uma separação física entre os módulos de plataforma e carga útil, que podem então ser desenvolvidos, construídos e testados separadamente, antes da integração dos módulos e testes finais. Existe, também, a vantagem da reutilização do projeto da plataforma, com conseqüente redução dos custos recorrentes na fabricação de novos satélites e também do tempo de desenvolvimento dos mesmos.
O domínio da tecnologia de fabricação de propulsores e catalisadores de combustível para satélites é privilégio de poucos países. Os propulsores são responsáveis pelo posicionamento e as correções de órbita do satélite. O propulsor brasileiro utilizado na PMM é a monopropelente, ou seja, funciona apenas com um combustível líquido, sem necessidade de elemento oxidante para realizar a combustão. O catalisador nacional, desenvolvido pelos pesquisadores do Grupo de Catálise do Laboratório Associado de Combustão e Propulsão do INPE, em Cachoeira Paulista, é utilizado em satélites na decomposição do monopropelente hidrazina, sendo constituído de uma alumina especial impregnada com o metal irídio.
Atualmente, o catalisador mais utilizado em satélites que empregam sistemas a monopropelente é o S-405, de fabricação americana. Sua comercialização só pode ser feita mediante autorização do governo dos Estados Unidos. Por isso, a produção de um catalisador nacional abre a perspectiva de o Brasil competir nesse restrito mercado, fornecendo o material para países como Argentina, Chile e Peru.
Qualificação
A qualificação do catalisador nacional foi realizada no Banco de Testes com Simulação de Atitude do INPE, em Cachoeira Paulista. Primeiramente, foi utilizado o catalisador comercial S-405 para qualificar o propulsor e escolher o melhor injetor. Em seguida, foram realizados testes completos ("a quente" e "a frio" contínuos, de longa duração, e pulsados) com o catalisador. Uma comparação dos desempenhos dos dois sistemas - o americano e o nacional - mostrou que o catalisador desenvolvido pelo INPE cumpre plenamente os requisitos exigidos pela PMM.
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