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Workshop internacional discute no INPE sobre geoengenharia solar para conter o aquecimento global
São José dos Campos-SP, 22 de novembro de 2016
Cientistas, ambientalistas e gestores estão no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP), nesta terça-feira (22/11), avaliando questões relacionadas à governança da geoengenharia da radiação solar (SRM, na sigla em inglês), uma das propostas para combate aos efeitos das mudanças climáticas.
O "Workshop on Science and Governance of Solar Radiation Management" faz parte de um ambicioso projeto para aumentar a participação dos países em desenvolvimento nas discussões sobre SRM, que implica em bloquear uma pequena quantidade de luz solar - por exemplo, pulverizando partículas reflexivas na atmosfera superior - a fim de resfriar a Terra.
Segundo os participantes do projeto, esta é a alternativa capaz de frear rapidamente o aumento nas temperaturas globais. A técnica pode oferecer uma maneira única de reduzir alguns dos riscos climáticos a que a humanidade está sujeita em consequência dos gases de efeito estufa já lançados à atmosfera, bem como das emissões das próximas décadas.
Alguns especialistas acreditam que o SRM pode ser a única forma de atingir o compromisso de limitar o aquecimento global em 1,5°C, conforme acordado nas negociações climáticas de Paris. No entanto, ainda há grandes incertezas em torno dos possíveis benefícios e desvantagens da utilização do SRM.
Os países em desenvolvimento têm uma participação especialmente importante nas discussões sobre SRM. Eles são geralmente menos resilientes às mudanças ambientais e mais vulneráveis aos impactos do aquecimento global, o que significa que podem ter muito a ganhar ou perder com o SRM – caso seja adotado ou rejeitado. Entretanto, a maior parte da pesquisa e discussões sobre SRM tem sido realizada até agora em países desenvolvidos.
A Iniciativa de Governança de Gestão de Radiação Solar (SRMGI) aborda esta questão, visando expandir a discussão da governança da pesquisa em SRM para países em desenvolvimento e economias emergentes. O projeto vem abrindo caminho nesta área desde 2011, a partir de reuniões na África e Ásia.
O workshop no Brasil acontece após um encontro realizado em julho na Jamaica e será seguido por reuniões da SRMGI nas próximas duas semanas em Guadalupe, com a Academia de Ciências do Caribe. Em 2017, estão programadas oficinas na Tailândia, Filipinas, Quênia, Bangladesh, China e Jordânia.
Em Berlim, Alemanha, será realizado o Fórum Global do SRMGI em outubro de 2017, simultaneamente à Conferência de Engenharia Climática.
Organizado em parceria pelo SRMGI e INPE, o atual workshop explora a ciência, a ética e a economia em torno de SRM, buscando a contribuição dos participantes sobre os próximos passos para a governança da pesquisa no Brasil e no mundo.
Participam do workshop alguns dos principais especialistas sobre mudanças ambientais globais, como Jean Ometto, do Centro de Ciência do Sistema Terrestre do INPE, e Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Brasil para a Mudança Climática.
"É crucial que os países em desenvolvimento tenham um entendimento claro das implicações da geoengenharia e, em particular, da governança da pesquisa em geoengenharia solar", afirma Carlos Nobre, um dos organizadores do evento. "Com a oficina no INPE esperamos iniciar uma discussão crítica sobre as promessas e os perigos de intervir no nosso sistema climático".
Sobre SRMGI
A Iniciativa de Governança de Gestão de Radiação Solar (SRMGI) é um projeto internacional não-governamental, iniciado em 2010 pelo Fundo de Defesa Ambiental, a Academia Mundial de Ciências (TWAS) e a Royal Society. Procura expandir a discussão global sobre a governança da pesquisa em geoengenharia solar, com foco nos países em desenvolvimento, que precisam se envolver nestas questões devido a sua maior vulnerabilidade às mudanças ambientais.
O SRMGI é financiado pelo Open Philanthropy Project, uma joint venture entre GiveWell e Good Ventures, e busca oportunidades para expandir a discussão sobre geoengenharia solar e firmar parcerias nos países em desenvolvimento.
Mais informações: www.srmgi.org
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