Notícia
Pesquisador do INPE ganha principal prêmio da meteorologia
São José dos Campos-SP, 02 de julho de 2018
Antonio Divino Moura, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foi escolhido pela Organização Meteorológica Mundial (WMO), das Nações Unidas, para receber o principal prêmio científico da instituição “pelo excelente trabalho em meteorologia e climatologia e pesquisa científica”.
Primeiro no Brasil a receber o Prêmio IMO, Antonio Divino Moura é o coordenador-geral do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do INPE.
Ao ser comunicado sobre o prêmio, Divino Moura declarou que o “compartilha com os amigos e colegas com quem trabalhamos juntos para uma moderna Meteorologia no Brasil, como ciência e suas aplicações para o bem de nosso povo”.
O Prêmio IMO foi criado em 1955 com a denominação em homenagem à Organização Meteorológica Internacional (IMO), fundada em 1873 e incorporada às Nações Unidas em 1950, passando a ser a WMO, hoje integrada por 191 países.
A premiação é concedida pelo Conselho Executivo da WMO “em reconhecimento de contribuições destacadas para o campo da meteorologia, hidrologia, climatologia ou áreas afins”, conforme a nota “Divino Moura, do Brasil, ganha Prêmio IMO” divulgada na sexta-feira (29/06).
Divino Moura também foi diretor do Instituto Nacional de Meteorologia (InMet) em dois períodos, de 1985 a 1988 e de 2003 a 2016. Nasceu em Ituiutaba (MG), e se formou em engenharia elétrica em 1969 pela Universidade Federal de Minas Gerais (MG).
O diretor do INPE, Ricardo Galvão, enalteceu a trajetória de Divino Moura em entrevista ao “Direto na Ciência”, na matéria reproduzida a seguir.
“No Inpe, em 1970, logo se destacou como um dos mais brilhantes estudantes que entraram naquele ano para fazer o mestrado”, afirmou o físico Ricardo Magnus Osorio Galvão, atual diretor do instituto. O jovem foi convencido pelo então diretor, Fernando de Mendonça, a se especializar em meteorologia, “uma área importante mas então muito atrasada no país”, explicou Galvão.
Apesar desse reconhecimento, para Divino Moura aquele foi “período difícil, tendo chegado mesmo a ser preso no regime militar por ter sido presidente do diretório acadêmico”, disse Galvão. O jovem interrompeu seu mestrado em 1971, e foi aceito com bolsa da Nasa pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, onde obteve o doutorado em 1974.
A tese de doutorado lhe deu reconhecimento internacional, segundo Galvão. “Ele ganhou o prêmio Carl Gustav Rossby de melhor tese de doutoramento do Departamento de Meteorologia do MIT, em 1975, e o Prêmio de Cientista Jovem da WMO em 1977”, acrescentou o diretor do Inpe.
Em 1981, durante seu pós-doutorado no Centro de Vôos Espaciais Goddard, da Nasa, Divino Moura publicou um artigo com Jagadish Shukla, seu colega do MIT, sobre a dinâmica de secas no Nordeste do Brasil. “Utilizando simulações numéricas de um modelo de circulação global, [esse estudo] se tornou uma referência para o a previsão das estações de seca naquela região”, disse Galvão.
Após esse período mais voltado à pesquisa, o pesquisador brasileiro teve atuação destacada na criação do CPTEC, do Inpe, em Cachoeira Paulista (SP), em suas duas gestões no InMet e em outros projetos e instituições de pesquisa. No exterior, entre outros cargos, foi diretor geral e fundador do Instituto Internacional para a Pesquisa em Clima e Sociedade (IRI), na Universidade Columbia, em Nova York, e 1º vice-presidente de 2011 a 2016 da WMO, da qual também é representante permanente do Brasil.
Divino Moura será convidado para proferir uma palestra científica e para receber homenagem em uma cerimônia de premiação no Congresso da WMO, em junho de 2019, em Genebra, na Suíça, informou a agência da ONU.
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