Notícia
Validação em Órbita de Tecnologia Desenvolvida no INPE
São José dos Campos-SP, 21 de fevereiro de 2020
O satélite CBERS 04A, lançado em 20 de dezembro de 2019, embarcou um experimento tecnológico que visa testar e validar em órbita revestimentos térmicos avançados desenvolvidos no INPE.
O controle térmico de satélites é realizado primariamente através de revestimentos superficiais que regulam as trocas térmicas por radiação com o ambiente espacial – os chamados radiadores.
Radiadores de alto desempenho são normalmente constituídos por Refletor Solar Ótico (OSR - Optical Solar Reflector). O OSR é um espelho composto por uma pastilha de material transparente à luz solar (sílica fundida ou boro silicato) com depósito metálico multicamadas em uma das faces.
Essas pastilhas são coladas em forma de mosaico sobre áreas externas do satélite para maximizar a emissão de calor para o espaço e ao mesmo tempo reduzir a absorção da forte radiação solar incidente. A figura mostra um radiador em teste no LIT (Laboratório de Integração e Testes) – a superfície espelhada reflete a bandeira nacional que está desenhada na parede do laboratório.
Esse tipo de revestimento tem desempenho superior a concorrentes como tinta branca, filmes de teflon metalizado e anodização, com estabilidade no ambiente espacial e baixa degradação, permitindo seu uso em missões de longa duração e em satélites geoestacionários.
O satélite CBERS 04A possui todos os radiadores térmicos construídos com OSR fabricados e instalados pela CAST (China). No satélite Amazônia-1, onde os radiadores são de teflon metalizado e tinta branca, ambos importados, o uso do OSR resultaria num controle térmico de maior conteúdo nacional e de alta eficiência.
Atualmente, embora a maioria dos satélites em órbita da Terra utilize radiadores de OSR, nenhum país da América Latina, incluindo o Brasil, possuí esta tecnologia. A tecnologia de fabricação de radiadores com OSR é dominada somente por países com forte atividade espacial, em instituições como o JDSU (EUA), QIOPTIQ (Europa), Tais Thermal Systems (Rússia), ATI - Advance Tecnology Institute (Japão), CAST - Chinese Academy of Space Technology (China) e Antrix Corporation Ltd (Índia). Essa tecnologia envolve não somente material, mas também know-how de processos para instalação das pastilhas OSR nos radiadores e de testes. Assim, seu domínio seria um importante avanço na independência tecnológica e geraria vantagens econômicas.
O experimento, desenvolvido pelo grupo de controle térmico de satélites da Engenharia e Tecnologia Espacial (CGETE), possui duas amostras de OSR fabricadas com tecnologias distintas, uma desenvolvida na Divisão Mecânica Espacial e Controle (DIDMC) e a outra na Coordenação de Laboratórios Associados (COCTE), permitindo um estudo comparativo e também a perspectiva de se ter duas tecnologias qualificadas para aplicação espacial.
Experimento do CBERS 04A sendo preparado para testes ambientais no LIT
O atual responsável pelo projeto Rafael Lopes Costa ressalta que o desenvolvimento da tecnologia envolveu esforço e apoio de várias áreas do INPE, incluindo equipes da CGETE e Laboratório de Integração e Testes (LIT), assim como de alunos de pós-graduação do instituto.
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